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Entrevista Exclusiva: MOONSHADE com Lunah Costa
Entrevista Exclusiva: MOONSHADE com Lunah Costa

 

MOONSHADE:

 

Inspirado na cena death metal melódico nórdico e  com multiplicidade de diferentes influências,os Moonnshade,  “misturam” elementos pesados ​​com sons melódicos, obtendo assim o seu próprio estilo.

Sofrendo algumas alterações no nucleo da banda, esta encontra-se mais sólida do que nunca e com um novo EP, menos DOOM e mais pesado   “Dream I Oblivion” que promete agarrar os ouvintes.

Pedro Quelhas (guitarrista) e Ricardo Pereira (vocalista/letrista) aceitaram o nosso convite para nos apresentar este novo EP.

 

Lunah Costa: Boas. Antes de mais, obrigada por terem aceitado fazerem esta entrevista.

 

Pedro: De nada, obrigado nós pelo vosso interesse na nossa banda.

Ricardo: Boas!

 

L.C: Para começar, como surgiu a ideia de formarem uma banda?

Pedro: Basicamente eu e nosso antigo baterista Cristiano Brito estávamos um bocado cansados da banda que tínhamos, e como eu tinha composto algumas músicas mais na onda melodeath decidimos começar um projeto novo. Eventualmente o projeto que tínhamos deixou de fazer sentido e passamos a dedicar-nos a 100% a Moonshade.

Ricardo: Entretanto entrou o Dinis para guitarrista e mais tarde entrei eu, nós e o Pedro somos os que sobraram da formação inicial.

 

 L.C: Porquê o nome Moonshade?

Pedro: Sempre gostei da ideia de ambientes taciturnos, florestas ao luar, etc. Soa um pouco foleiro, eu sei, mas achei o nome Moonshade adequado, tendo em conta que na altura a sonoridade era mais doom.

L.C: Falem-me sobre como a vossa música foi mudando desde do ínicio dos Moonshade até ao presente?

Ricardo: Não houve uma mudança muito acentuada a nível de género musical, continua a ser death-metal melódico. Talvez tenhamos perdido um pouco aqueles aspetos mais relacionados com doom que estavam presentes no The Path Of Redemption e os tenhamos substituído por um som mais agressivo, mas isso aconteceu porque além de ser mais do nosso gosto, pretendemos que cada lançamento de Moonshade seja único até certo ponto, mesmo que um desses lançamentos seja uma demo, no caso do primeiro EP. Não há necessidade de repetir milimetricamente o mesmo estilo ad nauseam.

L.C: São uma das poucas bandas do norte do estilo Death Metal Melódico. Porque que escolheram este estilo de música?

Pedro: Esta é fácil. Basicamente porque gostamos. No meu caso em particular é o meu subgénero preferido. O resto dos membros também gostam bastante do género.

Ricardo: Todos ouvimos coisas diferentes de vários géneros musicais, mas o que nos une a nível de gostos pessoais são bandas que possuem aquela mistura de peso e melodia, e muitas delas são de melodeath.

 

L.C: Mudaram de formação. Uma formação diferente, trouxe novas influências à banda e mudanças ou a base do vosso trabalho mantem-se? Se sim, quais foram?

Ricardo: Na minha opinião, o Sandro e o Afonso trouxeram diferentes perspetivas musicais à banda, o que melhorou bastante a diversidade. Além disso são bons músicos com quem podemos contar e que realmente “usam a camisola” com orgulho.

 

L.C: Em relação ao progresso da banda no panorama musical, vocês tornaram-se conhecidos do público, isso foi fácil ou encontraram dificuldades pelo caminho? Como superaram?

Ricardo: Eu não nos apelidaria de “conhecidos pelo público”, mas são opiniões! As únicas dificuldades que tivemos foram as constantes mudanças de formação nas posições de baterista e de baixista. Muitos dos que saíram tiveram de sair por razões pessoais ou por discordância relativamente ao rumo musical que a banda estava a tomar, o que é normal! No entanto, outros decidiram usar o nome Moonshade para brincar às bandas, algo que ainda hoje me irrita porque só serviu para aumentar a entropia e atrasar o progresso da banda.

 

L.C: Muitas bandas queixam-se da falta de adesão do público aos concertos das bandas nacionais. Vocês sentem o mesmo?

Ricardo: Nota-se que há menos público, é compreensível, as coisas estão difíceis. No entanto, é uma questão dos fãs gerirem prioridades… As bandas que não são apoiadas resignam-se a tocar apenas na sala de ensaios ou acabam. Não acho que ninguém seja obrigado a ir a concertos, mas se querem que a banda que gostam continue a atuar ou até a existir, devem contribuir para que isso aconteça. Se acham que a nossa banda vale realmente a pena apoiem o projeto e apareçam nos concertos, e o mesmo vale para qualquer outra banda, seja underground ou mainstream.

 

L.C: Certas bandas também dizem que os concertos cobrem apenas as despesas e que é dificil lucrar com os espetáculos, principalmente por causa das deslocações. Concordam?

Ricardo: A verdade é que não fazemos isto por dinheiro, mas não estamos dispostos a ter de pagar pelo “privilégio” de tocar, ainda somos daqueles que entendem que dar um concerto é, acima de tudo, um serviço… Mas é complicado. Se o nosso cachet for X, há sempre uma banda disposta a tocar por metade desse valor, outra disposta a tocar por um terço, outra disposta a tocar de graça, e a qualidade nem sempre é proporcional ao cachet. Além disso, cada vez menos pessoas aparecem nos concertos e as organizações raramente podem ou estão dispostas a pagar muito, o que é de levar uma banda à loucura, mas pronto, assim até tem mais piada. Afinal de contas quem precisa de sanidade mental? Luxos.

 

L.C: Sentem-se injustiçados em relação aos apoios que as bandas estrangeiras têm e as bandas nacionais não?

 

Ricardo: Seria completamente ingénuo pedir a um governo como o nosso para apostar na arte visto que não se demonstram dispostos a apostar em coisas mais essenciais, como saúde e educação. Não vale a pena os artistas esperarem apoios das mesmas pessoas que são capazes de dormir bem de noite sabendo que deixam um idoso sem reformasuficiente para comprar medicamentos, seria insano. Seria ótimo receber mais apoio, mas é simplesmente como as coisas são, têm de ser os fãs e as bandas a mexerem-se porque o governo não nos vai ajudar, e eu pessoalmente não me sinto injustiçado porque nunca esperei absolutamente nada da parte deles.

 

L.C: Na vosso opinião, o quanto é importante para a banda, as pessoas irem aos vossos concertos e aos concertos em geral?

Pedro: Sendo muito sincero, e acho que nesse caso falo por quase todas as bandas do underground, nós não fazemos ideia das pessoas que gostam realmente da nossa música, a não ser que elas estejam presentes nos concertos. Podemos ler mensagens no Facebook, etc., mas só temos real noção que somos apoiados se essas pessoas comparecerem. E não estou a falar dos amigos, ou membros das outras bandas, pois esses não contam. Falo sim do resto, dos que ouvem a música no Youtube/Bandcamp, que gostam em silêncio. Nós, muito mais que as grandes bandas, precisamos que o público se manifeste.

 Não vou ser hipócrita, eu faço música porque gosto, e faço para meu gosto pessoal, mas se souber que há expectativas da parte do público, essas expectativas funcionam como um catalisador para que mais e melhor música seja feita por nós. Por isso, se quiserem continuar a ver as bandas que gostam vivas, compareçam nos concertos, e contribuam.

 

L.C: Estiveram um pouco afastados dos palcos, isso deveu-se à gravação do vosso novo EP? Torna-se importante “fecharem-se” em estúdio por algum motivo em especial?

Ricardo: Esse hiato deveu-se a uma mistura entre ficarmos sem baterista e termos um EP para gravar. Pedimos ao Luís Neto, de Shell From Oceanic, para nos compor e gravar as partes de bateria, e entretanto o Sandro apareceu e ficamos com a setlist pronta.

 

L.C: Quanto tempo demoraram a compor e a gravar este EP?

Pedro: Demasiado tempo… Foi muito complicado ficar sem membros na banda sucessivamente. O período de integração demorou imenso, estivemos algum tempo sem sala de ensaio, demoramos muito tempo a ter baterista novo, enfim foi complicado para banda, e foi necessária muita perseverança para não acabar.

Mas se contarmos o tempo real para compor, diria cerca de 6 meses, por aí. Depois demorou um bom bocado a gravar pois na altura também não tínhamos baterista etc.

 

 L.C: O que vos inspira para compor?

Pedro: Nada de especial. Depende mais do estado de espírito do momento, e/ou da inspiração sentida na sala de ensaio. Maior parte das vezes começa com um riff quem alguém trás de casa e com essa base constrói-se o resto da música.

 

L.C: O que vos motiva e vos dá determinação para compor um novo EP?

Ricardo: Creio que o principal fator motivador é fartarmo-nos de tocar sempre as mesmas músicas nos ensaios e ao vivo aliado a um desejo de fazer sempre mais e melhor … Nós gostamos e temos orgulho das nossas composições, mas tudo cansa eventualmente, e quando tal acontece necessário renovar e melhorar o repertório.

 

 

 

L.C: Quais são, na vossa opinião, as diferenças entre o primeiro EP “The Path os Redemption”e este mais recente “Dream I Oblivion”?

Ricardo: A produção é uma diferença notória. O Pedro evoluiu bastante como produtor no tempo de intervalo entre os dois EP’s. Há também uma maior complexidade de composição em todos os sentidos.

L.C: Já tocaram, pelo menos, uma das vossas novas músicas ao vivo, “Dawn Of A New Era”. Como descrevem a reação do público?

Ricardo: Creio que a reação foi globalmente boa, e foi uma afirmação relativamente à nova linha de sonoridade que escolhemos seguir.

 

 L.C: Quais são as vossas espectativas em relação ao novo EP?

Pedro: Acima de tudo esperamos que o público goste tanto do EP como nós. Exigiu bastante trabalho da nossa parte, e estamos satisfeitos com o resultado. Próximo passo é compor um álbum!

 

L.C: Como descrevem o “Dream I Oblivion”?

Ricardo: É um EP conceptual com reflexões sobre a morte, a espiritualidade e principalmente o desespero face a um mundo decadente, onde toda a história se passa na mente do protagonista, que por sua vez termina a obra com o término de si próprio.

 

L.C: Enquanto músicos num país como o nosso, qual é o vosso objetivo enquanto banda?

Pedro: Penso que o nosso principal objetivo é fazer boa música que seja do nosso agrado, mas também aspiramos algum reconhecimento da parte do público e adorávamos dar um espetáculo num grande festival.

L.C: Vocês já têm data para a apresentação do vosso EP, no dia 29 de Novembro, no Metalpoint. Estão ansiosos para ver como será a reação do público ou estão descontraídos, porque confiam no vosso trabalho?

Ricardo: Tivemos um grande trabalho em organizar o evento e escolher duas bandas de apoio brutais, e continuamos a ter um grande trabalho em afinar a nossa performance para esse dia. O nosso objetivo é que as pessoas que vão se sintam bem recebidas e que se divirtam, e o mesmo vale para as bandas convidadas Destroyers Of All e Survive The Wasteland. Creio que só ficaremos descontraídos quando verificarmos que isso foi uma realidade.

 

L.C: Já têm mais datas de concertos?

Ricardo: Ainda estamos a combinar outros possíveis concertos, quando houverem confirmações de novos eventos anunciaremos pelo Facebook em www.facebook.com/moonshadeofficial.

 

L.C: Quero agradecer o tempo que me disponibilizaram para esta entrevista, fico grata, porque pessoalmente, aprecio bastante o vosso trabalho.

Pedro: Mais uma vez, obrigado pela oportunidade.

Para finalizar, deem aos nossos leitores um bom motivo para ouvir e comprar o vosso novo EP “Dream | Oblivion e outro bom motivo para assistir aos vossos concertos.

Ricardo: Creio que a música fala por si. Aos que ouviram e gostaram, apareçam dia 29 de Novembro no Metalpoint e ajudem a formar um evento épico!