O Brasil volta a estar representado aqui. Os Dry são mais uma banda a passar pela Underground's Voice! Aqui fica a entrevista:
U.V - Antes de mais, bem vindos à Underground's Voice, é um prazer vos receber! Para quem não vos conhece, podem-se apresentar?
Dry - Somos o Dry do Brasil. Tocamos o que gostamos de ouvir, ou seja, basicamente música pesada!
U.V - Como surgiu o nome para a banda?
Dry - Seco, na tradução, vem da proposta sonora da banda. Desde o início buscamos um som direto e honesto. Outra leitura bem vinda diz respeito do lugar onde vivemos, Goiânia no planalto central brasileiro de altas temperaturas e que registra os menores índices de umidade relativa do ar. Um nome um tanto quanto irônico.
U.V - O vosso álbum de estreia "Enjoy the Fall" foi lançado recentemente. Como o definem e que diferenças apontam entre o álbum e o EP lançado um ano antes?
Dry - De fato nossa proposta sempre foi compor, gravar e lançar um álbum. Não que EPs sejam mais ou menos importantes, foi uma questão de teimosia mesmo. O “EP” (mais para um ‘demo reel’) surgiu pois precisávamos tocar nas casas de show, as pessoas queriam ouvir nosso som e uma banda independente como nós encontra dificuldades em gravar com qualidade e dedicação.
Em relação ao Enjoy The Fall posso dizer que foi uma experiência enriquecedora em todos os sentidos, do musical ao pessoal. Ter um álbum com as suas músicas gravadas, depois de rodar tocando por aí e suar a camisa é recompensador.
U.V - Falem-nos um pouco sobre todo o processo de composição/gravação do álbum!
Dry - As gravações iniciaram-se na segunda metade de 2012. Então, como vocês podem imaginar, foi um processo bastante extenso e extenuante. Nosso produtor, Fernando Santos Pandarus, abraçou o projeto como se fosse da banda e por isso o álbum teve êxito em captar nossa essência. Muitas sessões de gravações, takes refeitos, timbragens... Enfim, eu que sou vocalista, tive que esperar bastante tempo para começar a gravar, haha! Quase 2 anos depois vemos que valeu a pena!
U.V - Que reacções obtiveram ao "Enjoy the Fall"? O feedback tem sido positivo?
Dry - São duas percepções imediatas que obtivemos. A primeira diz respeito ao som, as composições e a qualidade das gravações. Nosso público está aumentando, e agora sabem mais ainda sobre a banda e as composições. É realmente algo incrível quando alguém reconhece nosso trabalho.
Existe também a questão da forma como lançamos o “Enjoy The Fall”. As músicas, o encarte, contato e afins estão todos disponíveis no que chamamos de “cloud album” e isso tem gerado retornos positivos, principalmente na mídia independente. Somos a favor da arte livre e queremos que mais e mais pessoas ouçam nossas músicas, simples assim.
U.V - Quais são as vossas principais influências e que assuntos abordam nas vossas letras?
Dry - Ouvimos muita coisa, de Faith No More a Gojira, passando por Soundgarden, Porcupine Tree, Tool e Down... Cada entrevista bandas diferentes são citadas, haha! As letras falam das desilusões de um mundo meio complicado de se viver, onde as vezes temos que fazer algo que dizemos muito aqui no Brasil: Tocar o foda-se!
U.V - Como está a vossa agenda neste momento? Podemos esperar uma data em Portugal brevemente?
Dry - Estamos desbravando o Brasil. A agenda hoje contempla os estados de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e o nosso querido Goiás. Tem vídeo clipe para sair também. Seria uma honra tocar em Portugal, e obviamente ao surgir a primeira oportunidade estaremos aí!
U.V - Conhecem alguma coisa sobre o Metal Português? São fãs de alguma banda?
Dry - Reconheço que sou um pouco ignorante em relação a isso. Estamos sempre pesquisando bandas e artistas, independentemente de sua origem, mas eu percebo como uma grande falha a baixa interação entre a cena de Portugal e do Brasil. Sei também que essa carência de intercâmbio é mais perceptível aqui. E pensamos que trabalhos como os que vocês desempenham estão ajudando a corrigir isso.
Moonspell é uma banda que posso dizer que conheço, não tenho acompanhado tanto ultimamente mas já ouvi bastante e possuem no Brasil uma sólida base de fãs.
U.V - O que nos podem dizer sobre o actual underground brasileiro?
Dry - Tem crescido bastante nos últimos anos, apesar de sua alta segmentação. As cenas estão mais bem alimentadas, com casas de shows, bandas e principalmente público. A bandas se comunicam bastante entre si e isso faz com que a qualidade geral aumente. Porém tudo ainda é muito frágil, tornando a batalha diária. A cena independente brasileira é bastante rica, da música popular ao rock, porém como disse anteriormente, alguns segmentos carecem de mais intercâmbio.
Vimos o restante da América Latina, unidos pelo idioma, construir uma história de interação cultural onde o Brasil por muito tempo apenas assistiu. Hoje a cena independente de Metal na América do Sul está cada vez mais unida.
Acho que Portugal deveria ser uma prioridade nesse sentido. Só percebo benefícios para ambos.
U.V - Que importância dão aos blogs, páginas (como esta), sites, ect, que apoiam e dão a conhecer/divulgam o trabalho das bandas nacionais? Pensam que actualmente é um factor indispensável para uma banda? As bandas tem obrigatoriamente que ter uma vida activa na internet também?
Dry - Indispensável. Essa é a palavra! A internet é um campo aberto, pessoas de interesses em comum de diferentes partes do globo se agrupam e se reconhecem. Ou seja, é perfeito para uma banda encontrar ouvintes!
Valorizamos bastante o trabalho das mídias virtuais, e convenhamos: é onde se pode encontrar um pouco de verdade por esses dias. Indispensável.
U.V - Por fim quero agradecer mais uma vez a disponibilidade para a entrevista e desejar tudo de bom para a banda! Últimas palavras para os leitores da Underground's Voice?
Dry - Nós quem agradecemos o convite! Espero que possam conferir nosso álbum (www.dry.fm) e nos procurem nas redes sociais. Obrigado, Marco Bauer.
Fonte da entrevista: Underground´s Voice