Esperar um ano pelo Vagos valeu a pena por diversos motivos: pela música, pelo convívio, e pelo ambiente. Esta edição mostrou evolução na organização do evento: WC limpos com maior frequência, menos confusão nos acessos e a entrega de pulseiras na quinta-feira ao final da tarde que veio a diminuir a fila para as bilheteiras. E por falar em bilheteiras, deixo uma sugestão: colocar os horários de funcionamento e tentar respeitar a hora de abertura, estar à espera debaixo de calor, não é agradável.
Em termos de alimentação dentro do recinto, sugeria mais variedade, principalmente para os vegetarianos.
Destaque para a presença da associação de protecção Animal Gaticão, é sempre bom apoiar as causas que a todos diz respeito: www.gaticao.org.
Deixo também uma pequena referencia à presença de crianças no VAGOS, que ano após ano, se tem tornado também um festival familiar e diversificado, no entanto, deveriam considerar o uso obrigatório de protecção de ouvidos nas crianças.
Os assistentes foram excelentes tal como a constante presença e atenção da associação humanitária dos bombeiros voluntários de Vagos. O nosso obrigada por cuidarem de nós.
1º DIA:
Scar For Life :
Foi a primeira banda a subir ao palco e a primeira banda nacional. Suspeito que não estava presente nenhum técnico de som, pois este esteve completamente” fora de tom” as vozes estiveram quase todo o concerto muito acima da parte instrumental, ou seja, em palco, só se pode imaginar as dificuldades que a banda sentiu, no entanto, foi um bom concerto e a banda esteve bem em palco.
Moonshade:
Com mais público e com um som ligeiramente melhor, pois a guitarra do guitarrista Daniel Laureano ouvia-se com alguma dificuldade, no entanto, destaque para o Daniel pois é o mais recente membro da banda e esteve bastante bem e à vontade, bem-vindo Daniel entre os admiradores da banda. Grande concerto onde era possível ouvir entre o público algumas das suas faixas como “Goddess Eternal” e Dawn of a New Era”. Humildes e divertidos, surpreenderam os presentes, deixando claro que são uma referência do metal nacional a ter em conta e a seguir. O death metal melódico, esteve muito bem representado.
Vildhjarta:
Estreia em Portugal e que estreia!!! Agarraram o público do início ao fim com as suas músicas ao estilo Progressive metal, groove metal,dark ambient, djent, meteram o público a fazer headbang e a fazer nascer o primeiro circle pit do festival. Grande concerto.
Heaven Shall Burn:
Metalcore que conquistou o público desde do inicio, após quinze anos longe das terras nacionais. Concerto que começou com “Counterweight” e depressa surgiu o circle pit entre o público, continuou com crowsurfing e acabou com mosh. Sempre com a agressividade saudável metaleira!
Em “Voice Of The Voiceless”, pediram uma wall of death e tiveram-na em grande!
Houve ainda tempo para o “momento fofo do festival” em que convidaram uma menina de seis anos a subir ao palco e todos os presentes fizeram headbang em simultâneo com esta muito jovem metaleira!
Amorphis:
“Tales From The Thousand Lakes” que celebra vinte anos do seu lançamento foi tocado na integra. Não surpreendeu e o público estavam à espera de mais”agressividade” em palco principalmente no início do concerto em que faltou alguma “garra” à banda. O momento alto do concerto foi quando “Vulgar Necrolatry” cover de Abhorrence começou a entrar pelos ouvidos, um clássico dos anos 90.
Within Temptation:
Desde de 2011 que os Holandeses não vinham tocar a Portugal. Irreprensiveis a nível visual, mesmo para quem não é admirador da banda, fez as delicias do público que segue o seu trabalho, ao dar a conhecer o seu novo álbum “Hydra”. No entanto, os seguidores mais antigos só tiveram direito a dois clásicos “Mother Earth” e “Ice Queen”. Destaque para a voz da Sharon den Adel que esteve impecável.
2º DIA:
WAKO: We Are Killing Ourselves
Os WAKO arrasaram desde do primeiro minuto, com algum público presente que estava a apoiar a banda. Quem não conhecia, rapidamente se rendeu.
A agressividade em palco contagiou o público que fez mosh do início ao fim do concerto.
A energia da banda, a qualidade de som, e claro, o enorme talento dos WAKO tornaram este concerto em um dos melhores de todo o festival.
Temas como “Ship of Fools” e “Extispicium” fizeram parte do reportótio apresentado. A presença em palco de todos os membros da banda, provaram que o que se faz em Portugal é tão bom ou melhor do que o que se faz lá fora.
WAKO, é sem qualquer dúvida, uma das melhores bandas nacionais.
Mutant Squad:
A banda de thrash metal vinda de Espanha, Santiago de Compostela, começaram com a música ”Overdose” e viu-se surgir um circle pit! Mesmo com uma carreira recente, mostraram o seu talento em VAGOS. Foi um concerto animado ao som do álbum “Titanomakhia” o primeiro álbum de originais desta banda.
Destruction:
“Thrash ‘Till Death” e “Nailed to the Cross” levaram o público ao mosh ao som desta já conhecida banda de thrash metal alemão, tendo como frontman Marcel Schirmer que esteve sempre em contacto com o público sempre com boa disposição “english? german? we speak the language of fucking metal!”.
A música “Mad Butcher” foi o momento alto desde concerto, mostrando-se uma das preferidas do público.
Terminaram a actuação com “Bestial Invasion” e “The Butcher Strikes Back”.
Triptykon:
Quem não conhece a história de Tom G.Warrior, tem que conhecer. Tom foi fundador, vocalista, e guitarrista das bandas Hellhammer e Celtic Frost em que lançaram dois dos melhores álbuns para quem é apreciador deste estilo, “To Mega Therion” e “Into the Pandemonium” e sem qualquer aviso, 16 anos depois, Tom G. Warror lança “Monotheist” e assim apresentaram a sonoridade da banda mais recente de Warrior, Triptykon, uma obra prima do metal.
O público masculino que não conhecia Triptykon ficaram logo animados mal Vanja Slajh pisou o palco, a baixista da banda.
“Procreation (Of the Wicked)” de Celtic Frost foi perfeita para começar a noite da forma mais sombria e pesada possivel, e assim a banda começou a ganhar a energia do público, com músicas longas, lentas e poderosas, entre o Black Metal e o Doom/Gothic metal, "are you morbid!? That's why we're here".
“Goetia”, primeira música do álbum de estreia dos Triptykon muito bem recebida por parte do público mas foi “Circle of the Tyrants” dos Celtic Frost que iniciou o mosh.
O concerto acabou com “Messiah” dos Hellhammer e não poderia ter terminado melhor.
Não há palavras para descrever o que se sentiu ao ver esta banda, ao ver o grande Tom G. Warrior, enquanto admiradora do trabalho do Warrior. Espero que voltem em breve!
Black Label Society:
O concerto começou com “The Beginning… At Last”. A “Funeral Bell” foi a seguir e começou a ver-se muito headbang e com “Suicide Messiah”, do álbum “Mafia”, Zakk Wylde mostrou o que sabe fazer com uma guitarra, no entanto, exagerou demasiado na duração dos solos durante as músicas, e o que é demais também enche.
O momento em que eu, pessoalmente, estive à espera: ver Zakk ao piano a cantar para o seu “irmão” Dimebag, a sentida “In This River”. Um dos concertos mais esperados terminou com “Stillborn”.
Venom:
30 anos dos lançamentos dos míticos álbums “Welcome to Hell” (1981) e “Black Metal” (1982) o Senhor Cronos entra a matar mostrando que esta em plena forma.
Seja black metal ou não, estes senhores foram uma grande influência para muitas bandas que hoje todos nós apreciamos.
Apesar de apenas o Senhor Cronos se manter como membro fundador, o álbum que foi lançado este ano, “From the Very Depths” revela grande coesão entre os membros, que também foi visível durante o concerto.
Não havia como faltar, para terminar, os clássicos “In League with Satan” e “Witching Hour”.
Filii Nigrantium Infernalium:
Os portugueses Filii Nigrantium Infernalium entraram em palco com um grande” boa noite Lagos”, por momentos questionei-me sobre o local em que me encontrava e desta forma começou o “nonsense” que permaneceu até ao final do segundo dia de concertos.
Tocaram “Rancor” “NecroRock n’ Roll”, “A Era do Abutre”, “Morte Geométrica” e “Labyrinto” para o público, razoavelmente generoso para um final de um dia longo.
3ªDIA:
Midnight Priest:
Midnight Priest e o seu heavy metal abriram as hostilidades com o tema “Rainha da Magia Negra” e “À Boleia Com o Diabo”, que pelo que se viu e ouviu, tinha muita gente no público que sabia as suas letras.
Ne Obliviscaris :
Ne Obliviscaris ( extreme progressive metal) composta por dois vocalistas Tim Charles nos cleans e Xenoyr nos guturais.
Mas ao iniciarem o concerto com “Devour Me, Colossus (Part I): Blackholes” primeira faixa do recente álbum “Citadel”, conquistaram quem esteve presente debaixo de um calor que provocou queimaduras solares em alguns dos presentes guerreiros todo-o-terreno.
As músicas que se seguiram “Of Petrichor Weaves Black Noise” fazem parte do álbum de 2012, “Portal Of I”.
Para os mais cépticos ao estilo, a grande mesmo grande “Painters of the Tempest (Part II): Triptych Lux” bastou para aniquilar qualquer receio, são mesmo uma banda a ter em conta. “Pyrrhic” foi a pré-despedida e “And Plague Flowers the Kaleidoscope” terminou este excelente concerto.
O público foi tão convidativo que o violoncelista e vocalista Tim Charles, atirou-se e flutuou em crowdsurf por entre os presentes, a mim parece-me que houve muitas meninas que foram a correr lá para o meio para tocar no Tim.
Resta dizer que espero voltar a ver esta banda por terras lusitanas.
Alestorm :
Os escoceses Alestorm uma banda de piratas começaram a “pilhagem” com músicas emblemáticas para quem os aprecia com “Walk the Plank”, “Shipwrecked” e “Nancy the Tavern Wench”. E quem os conhece já estavam com a cerveja na colada à mão porque já estavam à espera de ficar sem ela, não fosse esta a banda que rouba cerveja na falta de rum, com as músicas que se seguiram “Drink” e “Rum”.
Orphaned Land:
E assim entrava em palco uma das bandas que me fez ir a este festival: Orphaned Land ( progressive metal folk tradicional do Médio Oriente) , que não me desiludiu, bem pelo contrário, surpreendeu-me. Desde a presença simpática e humilde da banda, como pela boa disposição e energia do vocalista Kobi.
Mãos a bater palmas, saltos, o público a cantar“ohohohohohohoho”, headbang, crowdsurf, viu-se de tudo neste concerto que foi, na minha opinião, o mais energético e harmonioso.
Músicas que são mais do que músicas, são lições, como “Birth of the Three (The Unification)” e “Olat Ha’tamid”.
Já desde do inicio do concerto que o público que conhece estes senhores pediam a “Sapari” e a “Sapari” apareceu e quem conhecia cantava e quem não conhecia dançava. Para mim, humilde admiradora da banda, o grande momento emocional foi quando “Let The Truce Be Known”começou a surgir, a minha faixa preferida da banda, que aborda o tema muito importante da história da humanidade: as tréguas que existiram durante o Natal de 1914 na Primeira Guerra Mundial. Somos todos um, é esta a principal mensagem desta banda e é essa a mensagem que devemos ouvir. Grande concerto, grande quantidade de boas energias e grandes músicos.
Com o solo da “Ornaments of Gold” fizeram-se as devidas apresentações da banda e a despedida, prometendo voltar em Outubro para um concerto em acústico no Cinema São Jorge. Da minha parte, farei os possíveis para os voltar a ver.
Overkill:
Bobby Ellsworth acusava o cansaço e o peso da idade depois de tantos anos na estrada, e sempre que podia lá ia ao canto descansar e é perfeitamente compreensivel. Bobby cantou na perfeição músicas épicas como “Electric Rattlesnake”, “Ironbound” e o clássico “Rotten to the Core”.
Tocaram a recente “Bring Me the Night” e a clássica “Horrorscope”. No final, a já habitual cover “Fuck You”, original dos The Subhumans.
Bloodbath:
O supergrupo que presta tributo ao Death Metal Old School dos anos 80 e inicios de anos 90, contam na sua formação com elementos dos Katatonia, Jonas Renkse (simplesmente o meu vocalista preferido nem sei explicar o porquê) no baixo e Anders “Blackheim” Nyström na guitarra, Martin“Axe” Axenrot de Opeth na bateria, Per "Sodomizer” Eriksson ex-Katatonia na guitarra (grande Sodo, grande guitarrista, grande monstro) e Nick Holmes dos míticos Paradise Lost na voz. Na voz esta banda já teve Mikael Åkerfeldt (Opeth) e Peter Tägtgren (Hypocrisy).
Com influências de grandes bandas como Entombed, Death e Morbid Angel, os Bloodbath são a banda de death metal com maior destaque neste momento.
E para mim, a melhor banda do cartaz e do festival. Ver todos estes senhores juntos a fazer música, é uma sensação que não consigo descrever, a não ser a palavra que mais se aproxima do que senti: felicidade!!!
Destaque para Nick Holmes que veio substituir Mikael na voz, porque superou bastante as espectativas de quem já não o ouvia com guturais tão bons à algum tempo, grande escolha para vocalista, este senhor!
Músicas como “Let the Stillborn Come to Me”, “Anne”, “Unite in Pain”, “So You Die” e “Cancer of the Soul” fizeram chover pessoas no crowdsurf e os headbgans tornaram-se agressivos! Mas a grande reação do público chegou com toda a força em “Eaten” a que parece ser a favorita dos presentes que no inicio do concerto pediam esta obra prima.
Com muita pena minha, o concerto teve que terminar e terminou com a música “Cry My Name”.
No final, quando iam fazer uma vènia, Sodomizer desce do palco e veio tocar no público. E enquanto Sodomizer fazia das suas, o Nick Holmes bem humarado disse” what the fuck are you doing man?” é bom ver amizade!
Este concerto foi qualquer coisa de especial para mim (como devem ter percebido) e não me alongo mais. Sigo Katatonia, Opeth e Paradise Lost desde de sempre e irei sempre aos concertos destas bandas aqui na minha terra.
Ironsword:
Ironsword, a banda que mais agredeceu em palco e o público também agradece o regresso da banda portuguesa! Os Lisboetas com vinte anos de carreira não actuavam em Portugal à oito anos.
Destaque para o último álbum lançado este ano , “None but the Brave”, foram tocadas as músicas para o público que ainda restou e resistiu até ao último segundo à frente do palco.
Texto: Lunah Costa
Fotos: Lunah Costa
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