Olá Lunah. Quero desde já agradecer a disponibilidade para realizar esta entrevista.
Som do Rock
Para começar gostava que nos contasses quem é a Lunah.
Lunah: Nasci na Póvoa de Varzim e cresci na pequena aldeia de Terroso (risos). Sou alguém que não gosta de reclamar e ficar parada (risos) reclamo mas tento fazer algo e foi assim que surgiu o Headbang Solidário.
SdR – És uma pessoa activa seja no meio músical seja em questões de solidariedade. Em que projectos estás actualmente envolvida?
L.C: Neste momento estou envolvida, principalmente, no Headbang Solidário. Neste momento, tenho o Headbang Solidário: Noites Solidárias no dia 29 e 30 de Maio, no Metalpoint. Mas já estou a preparar o próximo evento, Headbang Solidário: Senhores Bichinhos, associação de protecção animal, que será dia 11 e 12 de Setembro. Também estou a trabalhar numa parceria com o meu bom amigo Miguel Ribeiro para um evento em que iremos unir esforços entre: "Paws and Claws" e o "Headbang Solidário" mas ainda estamos numa fase inicial. Para além disso, sou manager da banda ThorVus e como tal, tenho que auxiliar a banda em todos os aspectos necessários. Vou continuar a ajudar o projecto Noites Solidárias. Para além de estar sempre atenta à causa animal e usar a página Headbang Solidário para divulgação de casos de animais que precisem de uma família e de ajuda. Mas vou tendo sempre ideias para novos projectos, não posso garantir que vou ficar por aqui (risos). E claro, conseguir dedicar mais enquanto repórter do Som do Rock, tendo como principal função, entrevistar e dar a conhecer novas bandas nacionais.
SdR- Em que se baseia o teu projecto Headbang Solidário? Como surgiu essa ideia?
L.C: O Headbang Solidário tem como principal objectivo a organização de concertos de bandas nacionais e angariar fundos para projectos e associações de solidariedade. É no fundo, uma tentativa de promover as bandas nacionais e em simultâneo, ajudar associações de solidariedade, seja a pessoas seja a animais. Resumindo, quero ajudar através da música e acabar com a ideia que os metaleiros têm pacto com o diabo (risos). A ideia surgiu quando a Vera, do projecto Noites Solidárias que tem como objectivo ajudar sem-abrigos e famílias carenciadas, pediu a minha ajuda para organizar um concerto de angariação fundos. Ela pediu-me ajuda porque eu estou dentro da área musical, enquanto repórter e manager. A reacção das pessoas foi muito boa e como tal, estou a tentar continuar com este tipo de eventos.
SdR –Como organizaste o HeadBang Solidário em poucos dias?
L.C: Consegui organizar tudo em pouco tempo porque tive a sorte de encontrar bandas muito rapidamente e consegui o Metalpoint quase de imediato. Dediquei 12 horas diárias no Noites Solidárias, não só no evento mas tentando ajudar a Vera a ter ideias para angariar fundos. Pode parecer simples organizar um evento, mas não é (risos). É preciso gerir as bandas a nível de organização de actuação, de material, de datas. É preciso fazer uma selecção de bandas por dia, ou seja, como dividir as bandas pelos dois dias, etc. Em relação ao cartaz, tenho a sorte de ter um namorado que também gosta de ajudar e acima de tudo, apoia-me.
SdR – Qual a tua opinião sobre a disponibilidade das bandas aos eventos do Headbang Solidário?
L.C: Os metaleiros são uns fofos (risos). As bandas foram todas excelentes! Super disponíveis para ajudar, sempre atentos de forma a me responderem sempre prontamente. Gostei muito mas muito de trabalhar com todas. Vão tocar sem ganhar nada em troca a não ser o facto de estarem a ajudar e a mostrarem o seu trabalho. Algumas bandas vêm de Guimarães, de Braga. Não tenho palavras para agradecer o excelente empenho de todas as bandas participantes.
SdR – Foi difícil encontrares um lugar para o evento ou essa tarefa até foi das mais faceis?
L.C: Não foi difícil. O Hugo Almeida, do Metalpoint foi excelente. Prontificou-se logo a ajudar. Devo dizer que o Hugo teve muita paciência comigo (risos). Primeiro porque inicialmente era apenas um concerto com 3 ou 4 bandas, mas devido à enorme quantidade de bandas interessadas, eu pedi para serem dois concertos. Depois, como eu odeio dizer não às bandas que querem ajudar, de 8 bandas passou para 10 bandas. E ele sempre esteve disposto a aceitar todas as mudanças que tive que fazer. Desde de já, o meu muito obrigada.
SdR – Como achas que seria a tua vida se não fosses assim, uma pessoa que sente que tem que ajudar os outros?
L.C: Seria bem mais fácil, acredita (risos). No entanto, é difícil responder a esta questão. Se eu não fosse eu, quem seria? (risos). Eu sou assim e não me imagino de outra forma. Alias, todos temos que ajudar-nos uns aos outros "olho por olho e o mundo acabará cego" já dizia o Gandhi (risos).
SdR – O que é que te entristece mais nos outros?
L.C: A minha mãe ensinou-me que reclamar é uma perda de tempo (risos). Não penso no que não gosto nos outros. Penso no que não gosto em mim. Acho que cada um deve ter a capacidade de se avaliar. Talvez seja essa a resposta (risos) acho que todos nos deveríamos avaliar enquanto seres humanos.
SdR – Sendo uma pessoa activa na actividade solidária, como vês o mundo e as pessoas que nele vivem?
L.C: Quem faz o mundo são as pessoas. A minha avó transmitiu-me esta mensagem: " acredita sempre que há boas pessoas enquanto tu própria fores boa pessoa" e é isso que tento manter em mente.
Apesar de tudo de negativo que é possível observar, acho que as pessoas estão a torna-se mais unidas nas dificuldades, pelo menos, eu gosto de pensar que sim.
SdR – Ajudar faz-te sentir uma pessoa melhor. É difícil passar a ideia de que ajudas sem teres algum interesse por detrás dessa intenção?
L.C: Vou ser o mais honesta possível. Não quero saber da opinião das outras pessoas. Em nada da minha vida. Nada. Sou o que sou, faço o que faço, sem querer agradar a ninguém. No Headbang Solidário, todos os lucros serão entregues pela pessoa que está a receber o dinheiro das entradas directamente aos responsáveis das associações. Nenhum dinheiro chega sequer a mim. Não vou dar o meu nome nem a minha imagem aos eventos. Existe sempre maldade em algumas pessoas que podem imaginar e inventar "interesses" mas, sinceramente, desde que o Headbang Solidário consiga ajudar quem realmente merece, é o que interessa.
SdR – O que é que te liga à música? O que sentes quando tens música na tua vida e quando não tens?
L.C: Sempre vivi rodeada de música. A minha irmã ouvia música até enquanto dormíamos. O meu irmão passava o dia fechado no quarto comigo a ouvir música. Actualmente, o que me liga à música são os músicos. O meu namorado é guitarrista e compositor. Tenho amigos também músicos e vejo bem de perto os sacrifícios que eles fazem em prol da música e muitas vezes encontram as salas de concerto vazias. E isso fez-me ter vontade de apoiar as bandas nacionais. Não estou sempre a ouvir música, tenho momentos que gosto de estar em silêncio a ler um bom livro. Mas sim, há alturas que só estou bem a ouvir música, alias, há alturas que fico viciada em determinada banda e ouço até me cansar (risos).
SdR – Uma pergunta que se impõe, porquê o Metal?
L.C: O metal está, literalmente, no meu sangue (risos). O meu irmão, desde que nasci, que ele me levava para o quarto dele ouvir música. Ele adormecia-me cantando Metallica (risos). As primeiras músicas que levei para o infantário foram: "nothing else matters", "fear of the dark" e "symphony of destruction" (risos). E à medida que fui crescendo, fui sempre ouvindo Metal. O Metal é o "grito dos guerreiros" nas grandes batalhas, pelo menos sempre foi assim que o meu irmão descreveu (risos) batalhas que geralmente, lutamos dentro de nós mesmos, os nossos fantasmas, sentimentos, medos, frustrações etc. Os instrumentos são as armas (risos) os guturais os gritos de guerra (risos). Acho que é realmente e simplesmente uma questão de gosto.