06 Fevereiro - RCA Club (Lisboa) |
07 Fevereiro - Hard Club (Porto) |
1ª Parte: Foscor |
Abertura de Portas: 20h00 - Inicio espetáculo: 21h00 |
Por esta altura já devem ter percebido que, sim, os VALLENFYRE são uma super-banda, à semelhança de tantas outras que, hoje em dia, surgem em catadupa todos os meses. Há, no entanto, traços que os separam desde logo da competição. Quando, no final de 2009, Gregor Mackintosh foi confrontado com a trágica morte do seu pai, o talentoso e influente guitarrista dos britânicos Paradise Lost optou por refugiar-se na música para fazer o luto. No espaço de apenas uns meses escreveu os esqueletos para uma coleção de temas que, já em 2011, acabariam por transformar-se em «A Fragile King», a estreia desta nova aventura musical que decidiu levar a cabo com a ajuda de alguns amigos... Nada mais nada menos que Hamish Glencross (ex-My Dying Bride) na guitarra, Adrian Erlandsson (dos At The Gates, The Haunted e Paradise Lost) na bateria e Scoot (dos Doom e Extintion Of Mankind) no baixo. Uma verdadeira constelação de estrelas do underground extremo, que se vai estrear finalmente em Portugal com uma data-dupla. A 6 e 7 de Fevereiro sobem ao palco do RCA Club e do Hard Club, em Lisboa e no Porto, respetivamente. Durante as últimas décadas, a história ensinou-nos que a união de músicos famosos, por muito bem intencionada que seja, nem sempre é sinónimo de resultados explosivos. No entanto, a fusão de death e doom metal, apimentada por elementos crust/punk, delapidada pelos VALLENFYRE provocou uma vaga de aplausos consensuais por parte do público e da imprensa a partir do momento em que, há três anos, o disco de estreia do coletivo britânico foi editado. As calorosas reações a esse primeiro álbum acabaram por inspirar a gravação e edição do devastador «Splinters» já em 2014 e basta tomar contacto com «Scabs», o demolidor tema de abertura deste segundo disco, para perceber de imediato que a sinergia entre os quatro músicos está ainda mais focada do que quando gravaram o registo de estreia. No cômputo geral, este registo afirma-se como ainda mais sólido que o seu antecessor – um autêntico petardo de death metal bruto e de influência old school (Celtic Frost e Entombed são duas influências mais que óbvias), injetado da dose certa de d-beat vicioso e condimentado por uma latência doom que só vem reforçar a versatilidade do que esta formação de luxo pode fazer em estúdio e em palco. Nesta Splinters Over Iberia Tour, os VALLENFYRE surgem acompanhados pelos espanhóis FOSCOR, que acabam de editar o seu quarto longa-duração. «Those Horrors Wither» apresenta-se como o álbum da emancipação, um romper com as amarras do black metal tradicional e ortodoxo, uma década depois de terem lançado o registo de estreia. Formados no final de 1997 como um dos poucos projetos de dark metal oriundos de Barcelona, os músicos catalães desenvolveram desde muito cedo um estilo pessoal e único, que mistura as raízes do black metal dos anos 90 com outras linguagens musicais tão ou mais agressivas – uma fusão que lhes permite terem hoje um discurso transversal a vários quadrantes do extremismo sonoro. Baseando-se no período modernista da arte catalã, o quarteto formado por Falke, Fiar, Necrhist e A.M. gravou três álbuns entre 2004 e 2009 – a estreia «Entrance To The Shadows' Village», «The Smile Of The Sad Ones», «Groans To The Guilty» – e, graças a uma linguagem muito dinâmica, agressiva e emotiva em palco, alcançou um status bastante respeitável a nível mundial.
Os acontecimentos que levaram à conceção e formação dos VALLENFYRE não são particularmente felizes ou bonitos. No final do Verão de 2009, John Mackintosh, o pai de Gregor Mackintosh (guitarrista e elemento fundador dos icónicos Paradise Lost) foi diagnosticado com cancro da próstata. Tratando-se de uma forma bastante comum da malfadada doença, inicialmente a família não ficou alarmada. Com os tratamentos a progredirem, Gregor embarcou numa tour europeia com os Paradise Lost, que tinham acabado de editar «Faith Divides Us – Death Unites Us». Na semana seguinte, o músico é informado de que os médicos tinham encontrado cancro nos pulmões – o pai do músico tinha apenas semanas de vida. Gregor abandonou então a digressão e passou as próximas semanas ao lado de John, que acabou por falecer na manhã do dia 2 de Dezembro. "No período que se seguiu passei por todas as famosas fases do luto", recorda o músico no press-release em que revelou ao mundo a existência do projeto. "Comecei a tornar-me muito auto-destrutivo, por isso decidi canalizar essa energia negativa na criação de algo. Decidi prestar uma última homenagem ao homem que nos levou aos primeiros concertos dos Paradise Lost porque nenhum de nós tinha idade para conduzir. O único pai que eu conhecia que tinha ouvido os Bolt Thrower na rádio, numa das famosas Peel Sessions. A pessoa me deu o primeiro livro de acordes. Senti que estava de volta ao início, às minhas raízes no death, no crust e no doom. Foi como terapia, algo concebido originalmente para mais ninguém ouvir. No entanto, depois de gravar algum do material, percebi que estava realmente a gostar do que estava a fazer, mas queria envolver alguns dos meus amigos para que a experiência se tornasse divertida". Decidir quem envolver no projeto não foi propriamente difícil, um músico tão influente tem, como é óbvio, friends in high places. A escolha para baterista foi óbvia; por essa altura Adrian Erlandsson já fazia parte dos Paradise Lost e, além de ser um bom amigo, tinha um pedigree de respeito. Oriundo de Gotemburgo, começou ainda jovem a tocar com os lendários At The Gates, acumulando passagens por grupos tão afamados como The Haunted ou Skitsystem, entre outros, ao longo dos anos. Foi abordado e aceitou participar de imediato. O próximo músico a ser contactado foi Hamish Glencross, outro conhecido de longa data. Nascido e criado em Halifax, o ex-guitarrista dos My Dying Bride é conterrâneo de Gregor e um excelente companheiro de copos. Foi precisamente num dos pubs mais antigos dessa localidade do Yorkshire que os dois músicos discutiram pela primeira vez o projeto, com Hamish a aceitar de imediato o convite. Scoot, com o qual Gregor dividiu casa há mais de duas décadas, era a peça que faltava para completar o puzzle. Hoje membro dos Doom, Extinction Of Mankind e Alehammer, o baixista continua a ser um fanático die hard do underground crust, punk e metal... Perfeito para tocar nos Vallenfyre, portanto. Inspirado por todo o entusiasmo dos seus novos companheiros, o guitarrista – que aqui desempenha a função de vocalista – ganhou então coragem para enviar uma demo a Jens Prueter. O A&R da Century Media na Europa respondeu com uma proposta de contrato semanas depois, que resultou na edição do 7" «Desecration» e do álbum «A Fragile King», ambos de 2011. Gravado, sem grandes pretensões comerciais por James Dunkley (técnico de som dos Paradise Lost) e misturado por Russ Russel (nome associado aos Napalm Death e The Exploited), o registo de estreia recebeu elogios rasgados e, face às reações incrivelmente entusiastas por parte da imprensa e do público, o grupo protagonizou as primeiras atuações. Em 2014 voltaram de novo a estúdio, desta vez com Kurt Ballou (dos Converge) como produtor, para gravar o demolidor «Splinters». Os bilhetes para o concerto custam 18€, à venda a partir do dia 19 de Dezembro, nos locais habituais. |