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reportagem vagos metal fest 2018
reportagem vagos metal fest 2018

Reportagem VAGOS METAL FEST 2018

 

Com Texto de : Margarida Salgado e fotos de: Rafael Catarino/Som do Rock e Davi Cruz/Metal em Portugal

Todas as fotos aqui

 

 Esta última edição do Vagos Metal Fest trazia novas expectativas com o novo formato. Este ano teríamos mais um dia e mais um palco, uma evolução natural para quem pretende poder colocar o festival na agenda europeia.

 No ano passado cerca de quinze mil pessoas deslocaram- se à 2ª edição. Este ano compareceram cerca de dezoito mil entre os dias 09 e 12 de Agosto.

Vagos Metal Fest foi reconhecido oficialmente como um Eco Evento 2018, com a implementação de vários ecopontos pelo recinto para incentivar a separação de resíduos.

Este novo formato veio reforçar o espírito das férias passadas em família e com a tribo ouvindo boa música. Os quatro dias de concertos foram passados com muito sol, amigos, diversão, cerveja, hidromel e boa disposição. Felizmente o S. Pedro também apoiou esta reunião e manteve as temperaturas toleráveis, apesar de ter ameaçado com alguma chuva, mas que não passariam de uns “momentos refrescantes”. Outra novidade foi a aplicação disponibilizada na página do Facebook  para o telemóvel onde poderíamos ver todas atualizações no decorrer do concerto. Ficou a faltar apenas um pouquinho mais de força no wifi cedido.

Este ano o leque geracional também se tornou mais vasto ao partilharmos esta experiência com um grupo de “veteranos” do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo que em conjunto com a alegria das já muitas crianças presentes provaram que qualquer idade é boa para se começar a ouvir metal e que nesta celebração do género todos são bem-vindos.

 

O Primeiro dia

BoobyTrap foi a banda selecionada para a difícil incumbência de abertura no palco Starway. A banda que esteve algum tempo afastada voltou recentemente aos palcos com uma energia renovada. Apesar de estar ainda muita gente por chegar, a banda de thrash /hardcore /crossover de Aveiro manteve uma prestação coesa e decidida e um estreito contacto com o público na pessoa de Pedro Junqueiro, como nos apercebemos em “Drunkenstein”, ”o brinde aos bêbados ”, “Fuck Off And Die” e “O Bom, O Mau e o Filho da Puta”, culminando no tributo a Lemmy Kilmister com “Ace Of Spades” já com o público rendido em mosh.

 

Destroyers of All a banda de progressive/death/thrash metal de Coimbra não quebraram o elo continuando a injetar bastante energia no palco Vagos. Entre a simpatia de João Mateus e a combinação do esmagador death metal com a rigor técnico do progressive e apontamentos de thrash e groove impregnadas na sua sonoridade foi a fórmula perfeita para conquistar o público que aos poucos ia aumentando e rendendo-se a esta fantástica prestação. Como bónus tivemos “Break The Chains” do novo trabalho que nos garante que a banda continua no bom caminho.

 

O hardcore de Linda A Velha chegou ao palco Starway com os Trinta & Um, uma banda que já dispensa de apresentações, numa performance agressiva com a declaração aberta e sentida de apoio à “cena nacional” com Zé Goblin descendo junto ao público visivelmente embevecido pela experiência e o momento de cumplicidade.

 

Embora a Organização continue a esforçar-se para dar oportunidade a todos os géneros e subgéneros, sonoridades como as dos suecos Insammer continuam a não empolgar o público. Apesar dos inúmeros apelos de Vika Dola que esteve imparável em palco e uma excelente execução técnica, a banda de transfusion metal não conseguiu grande movimento na plateia.

 

Theriomorphic causaram outro impacto. Um nome de peso do death metal nacional que nos apresentou o seu mais recente trabalho “Of Fire and Light”. Numa prestação forte e coesa deambulamos ainda por “Operators Of Triumph” e “Theriomorphic” com um público visivelmente satisfeito.

 

Orphaned Land é uma banda que conquistou para sempre o coração dos portugueses desde que cá estiveram pela primeira vez e é sempre com muito carinho e entusiasmo que são recebidos. E tanto que haveria para dizer sobre esta banda, começando pela simplicidade e encanto de Kobi Farhi um incansável “guerreiro de luz”, espalhando mensagens de paz e igualdade e terminando naquela fusão sonora perfeita entre a melodia oriental e a “trovoada metálica”. “Unsung Prophets & Dead Messiahs” “Like Orpheus”, “We do not resist”, “In propaganda” e “All is One” foram alguns dos temas que pudemos ouvir em mais um emotivo concerto que é reproduzido numa imensa alegria no público.

 

Analepsy a banda lisboeta brutal/slam/death metal, apesar de jovem mostrou o seu já conhecido talento musical e brutalidade sonora com uma atuação robusta. “Colossal  Human Consumption”, “The Vermin Devourer” e “Engorged Absorption” foram alguns dos temas em que podemos apreciar a competência desta banda.

 

Os bavarianos Dust Bolt detonaram o circle pit. A banda de thrash/crossover metal tem uma energia contagiante e fez questão de partilhá-la. Apesar de estarmos à aproximarmos da reta final ainda havia muito entusiasmo e não faltaram crowdsurfing e mosh durante todo o concerto. “Mind The Gap”, “Awake” “Toxic Attack” e “Agent Thrash” mostraram, inequivocamente, a qualidade da banda.

 

Impera é mais uma jovem banda que começa a “dar cartas”. A banda lisboeta de groove/progressive metal foi a selecionada para encerrar o cartaz deste primeiro dia, após ter ganho o concurso de bandas do Stairway. E fizeram-no com grande nível. Nem nos apercebemos dos 9 pontos no joelho que o mais recente guitarrista David Alves levava tal era o nível de adrenalina e entrega, apesar do aspeto casual e descontraído a que a banda já nos habituou. “Grasp” foi o tema de encerramento. Aguardamos atentamente pelo futuro.

 

Para os resistentes houve ainda Z-Collective para a “estocada final”.


 O Segundo dia

O segundo dia começou mais cedo com In Vein a subir ao palco Stairway. A banda de Paços de Ferreira entrou com aquela garra a que já nos tem vindo a habituar, agarrando o ainda parco público que retribuiu abrindo o circle pit, respondendo assim aos incontornáveis apelos de António Rocha. Debitando o seu irresistível death/groove metal manteve-nos a todos conectados até ao fim. Revelaram-nos ainda que já se encontram a trabalhar no segundo álbum. Ficaremos à espera!

 

Mantendo a qualidade do metal nacional seguiram-se Blame Zeus. Com uma sonoridade mais alternativa, a banda mostrou a razão de ter cada vez mais seguidores. Numa atuação irrepreensível e coesa com a envolvente voz de Sandra Oliveira que cria desde logo uma empatia inegável com o público. Tivemos oportunidade de ouvir o novo tema “Déjà Vú” que nos faz ansiar pelo que ainda mais está para vir.

 

A abrir o palco Vagos tivemos Invoke, a banda de black/beath metal de Oeiras. Trajados e pintados como sempre a rigor prontos para nos presentearem com o seu brutalíssimo black/death atmospheric. Não foi um dos melhores momentos em termos de qualidade de som apesar dos muitos fãs do género presentes. Tivemos ainda a colaboração de Muffy dos Karbonsoul no tema “Hall of Mirrors”.

 

Voltando ao palco Stairway aguardava-nos Dollar Llama, a banda lisboeta de rock/metal/sludge. Numa atuação intensa e aguerrida conquistaram a assistência que correspondeu com muito mosh. Dado o entusiasmo presente, prevê-se que a banda tenha aumentado o seu já notável grupo de fãs.

 

Ratos de Porão anteciparam a sua entrada devido a um atraso com o voo dos Masterplan. E como sempre também foram muito bem recebidos aqui em terras lusas. Já todos esperávamos o “doce caos” a que a lendária banda de punk/hardcore/crossover já nos habituou. “Sueco canta sueco, Japonês canta em japonês, Ratos canta em português” e todos cantamos com João Gordo entre tanto mosh e crowdsurfing que nem a sua popular conterrânea conseguiria levantar tanta poeira. “Ratos” gritava a plateia enquanto João Gordo filmava todo o alvoroço. Que “tareia” boa!

 

Masterplan veio de seguida mostrar a sua arte no power/heavy metal , a banda que foi criada como um projeto paralelo de Helloween, devido a uma insatisfação e incompatibilidade musical entre alguns membros. Presentemente apenas se mantém Roland Grapow. Não foi um dos concertos mais assistidos. Muitos aproveitaram para recuperar do concerto anterior e fazer a pausa para jantar. Não obstante, a banda cumpriu a sua missão.

 

Os “nossos” Moonspell viriam de seguida, acabadinhos de chegar de Josefov, Praga, onde atuaram no Brutal Assault XXIII. Deste festival vieram também os Municipal Waste, Converge e Integrity. Apesar de estarem em tournée do seu recente “1755” tivemos a possibilidade de recordar outros temas como “Em nome do Medo” e a já épica e indispensável “Alma Mater”. Lamentavelmente uma quebra de energia em palco “arrefeceu” o impulso inicial da banda, que acabou por se restabelecer e render-se ao entusiasmo e reconhecimento do público que mostrou o seu apreço e dedicação durante todo o concerto.  

 

Converse entraram decididos a mostrar toda fibra do hardcore norte-americano. A banda criada em 1990 é reconhecida pelo início da divulgação e interpretação do género metalcore/mathcore. Uma das bandas mais esperadas neste dia. E arrasaram! Com energia para dar e vender e uma intensidade inabalável conquistaram os presentes que retribuíram com bastante movimento no pit. “The Dusk In Us” é o último trabalho e o que teve mais relevo neste concerto.

 

Cradle of Filth foi sem dúvida o nome que mais fez deslocar os metaleiros a Vagos, quer pela sua vasta legião de fãs, quer pela sua longa ausência nos palcos portugueses. E não desiludiram. Desde o espetáculo visual à qualidade sonora foi uma agradável surpresa para quem não tinha tido oportunidade de os ver ao vivo. Esta banda inglesa também já conta com uma longa carreira e é um nome incontornável do género. Foi um momento de magia para todos os presentes. “You Will Know The Lion By His Claw” foi o tema escolhido para dedicarem aos Moonspell que participaram como convidados especiais na tournée de Cryptoriana - The Seductiveness Of Decay. Infelizmente houve uma nova quebra de energia em palco aquando “Beneath The Howling Stars”. Dani Filth não desmoralizou, desdramatizando a situação com humor.  Terminamos com clássicos como “Dusk and Her Embrace” ou “The Forest Whispers My Name” que foi cantada numa só voz num momento que ficará gravado na memória de todos.

 

Attic a banda de heavy metal alemã não teve a melhor das prestações. Verdade seja dita, também não é fácil dar seguimento às bandas de peso anteriores. Apesar de toda a sua encenação existiram alguns problemas na harmonização do som dos instrumentos e no tempo em que cada elemento estava. O público aproveitou para recuperar das emoções anteriores.

 

Serrabulho tem a característica única de conquistar toda a gente. Independentemente da sua sonoridade, o seu elo com o público é tão forte e a sua alegria tamanha que é impossível ficar-se indiferente. Cada concerto é sinônimo de folia e em Vagos foi um festão! E a prova é que o público já aguardava entusiasmado pela banda de grindcore/death metal com almofadas, insufláveis e muita ansiedade. E não era para menos! Parecia que tínhamos entrado numa realidade paralela de party-pool em circle pit. Desde Carlos Guerra em crowdsurfing, em cima de um colchão insuflável, até a uma “procissão” atrás do mesmo à volta do recinto, houve ainda a “almofadada na fronha”, uma guerra de almofadas no pit com a música “ Sweet Grind O’Mine” e uma “Ass of death”. Também tivemos oportunidade de ouvir o novo tema “Pubic Hair in The Glasses”. Fátima Inácio foi chamada para que lhe pudessem prestar homenagem no seu aniversário e assim como Sérgio Pascoa, Paulo Gonçalves, músicos tradicionais seus conterrâneos e outros amigos convidados foram subindo ao palco para participarem nesta celebração tornando este concerto num momento único em Vagos.

 

Para terminar contámos com a presença de Abaixo Cu Sistema, a banda de tributo aos grandes System Of A Down. Uma banda bastante reconhecida no género pela sua competência e energia como ficou provado neste concerto com um público imparável.

 

Quem ainda tinha forças contou com o grande António Freitas para fazer as honras de encerramento das festividades deste dia.


O Terceiro dia

 A abertura deste dia terceiro iniciou mais tarde do que era previsto inicialmente devido a uma alteração de horário resultante da greve dos controladores aéreos em França que impediu a presença dos Dagoba este ano no Vagos Metal Fest, mas ficando desde já a primeira banda a ter a sua presença garantida na próxima edição. Coube esse papel a Lost in Pain, a banda luxemburguesa de heavy metal old school athrashalhado que tem o português Hugo Nogueira Centeno como frontman. Nada entusiasma mais o público do que sentir a satisfação da banda por estar ali e nesse sentido os Lost in Pain sem dúvida que nos conquistaram. Apesar de ainda escassa a plateia, a atuação foi bastante sólida e definitivamente criaram novos fãs.

 

Os espanhóis Wicked Inc entraram a seguir continuando no género, mas na forma mais clássica. A banda mostrou desde logo a sua simpatia e criaram de imediato cumplicidade com o público que apesar de tudo continuava reduzido. Apesar disso foi uma boa prestação na qual ainda tivemos oportunidade de ouvir alguns temas novos do seu próximo lançamento como “Devil Horns” e “Agony”.

 

Simbiose é um nome incontornável do punk/crust/grindcore português e isso ficou provado com a movimentação no circle pit durante toda a atuação. Com a habitual intensidade e irreverência em palco, a banda fez levantar a primeira vaga de pó deste dia. “Ignorância Colectiva”, “Acabou a Crise Começou a Miséria ” ou “Modo Regressivo” foram alguns dos temas que desfilaram pelo palco.

 

Gwydion começaram com um atraso devido a questões com o som que não melhorou durante o concerto. A banda de viking/folk metal subiu ao palco de kilts e pinturas de guerra prontos para dar um grande concerto. E assim começaram a festa a que já nos habituaram onde houve muito crowdsurfing e uma enorme wall of death proporcional ao talento destes senhores. O concerto terminou com o tema Thirteen Days ( do novo álbum ) e a participação de Muffy dos Karbonsoul.

 

Os suiços Bolzer apresentaram- se de seguida num excelente concerto de black/death metal com Therry Jones ou KzR a impressionar na sua brutalíssima guitarra de 10 cordas. O público rendeu-se a esta prestação fantástica apesar de visualmente parca. Um poderoso momento.

 

Na ausência de Dagoba saltamos de imediato para Sonata Artica, a banda finlandesa de power metal. Esta banda é conhecida pelas opiniões serem tão díspares. Apesar da maioria dos presentes serem fãs da banda e  do carisma de Tony Kakko não houve manifestações efusivas por parte do público. Não obstante a banda deu um excelente concerto terminando com a célebre “Vodka”.

 

O symphonic black metal band não poderia ter sido melhor representado do que com Carach Angren. Estes belgas subiram ao palco e deram um dos melhores concertos desta edição. Com Seregor a demonstrar todas as qualidades de um frontman de excelência e uma componente cénica fortíssima, a banda conquistou de imediato o público presente encantando-o durante toda a performance. Pelo número de pessoas presentes pode-se concluir que a banda já tem um considerável número de fãs em Portugal e que sem dúvida que terá conquistado outros tantos depois desta prestação.

 

Kamelot com exceção na qualidade de som, mantiveram o nível da interpretação anterior. A banda de Florida é também um nome incontornável do symphonic/power metal com uma versão mais progressiva que torna a sua sonoridade única. Com Tommy Karevik extremamente comunicativo conquistaram de imediato o público e a presença de Lauren Hart (de Once Human) enriqueceu grandemente o concerto. Em “Veil of Elysium”,” Karma” e “Center of the Universe” pudemos ver um público completamente rendido a esta atuação que esteve a ser registada para um DVD a ser lançado em breve.

 

Enslaved era uma das bandas mais aguardadas e infelizmente o concerto só não cumpriu as expectativas na íntegra devido à decisão da banda norueguesa em testar um novo sistema de munição sacrificando bastante a qualidade do som, principalmente no início do concerto. Mas "Svarte Vidder" (tocado ao vivo pela segunda vez), "Loke", "Gylfaginning" e “Storm Son” fizeram-nos esquecer as dificuldades sonoras e entregarmo-nos até ao último acorde a esta brilhante atuação.

 

Holocausto Canibal é bastante conhecida pela atuação demolidora e agressiva com que debitam o seu death/gore/grind e em Vagos não foi exceção. O público retribui com mosh mostrando que apesar do terceiro dia ainda era possível encontrar forças para usufruir deste assombroso concerto.

 

Beyond Strength vieram consumir a restante energia. A banda de tributo aos enormes Pantera teve ainda uma grande e animada audiência durante toda a atuação que terminou com a participação de Muffy dos Karbonsoul em “Walk”.

 Os mais resilientes puderam ainda desfrutar a restante noite com Rockline Tribe no after party.

 

O Quarto dia

O quarto e último dia começou com  Stonerust, a banda stoner/rock de Cascais com Bruno Vale a subir ao palco com a máscara de porco a interpretar “Man & Pig”. Apesar de uma sumida audiência a banda fez uma boa prestação mostrando-se bastante satisfeita por estar presente neste evento de referência.

 

Os galegos Dark Embrace chegaram de seguida com o seu gothic/doom metal cheio de força, promovendo o seu trabalho “The Call of the Wolves”. Foi uma prestação robusta e entusiasta com uma plateia já mais composta e participativa. Apesar de ser uma banda de qualidade, encontra-se muito “colada” à influência de Amon Amarth ficando a faltar um cunho mais pessoal da sua originalidade.

 

Schammasch foi uma boa aposta como banda escolhida para substituir Sinister que cancelou por motivos familiares. A banda suiça de black/death metal avant garde, envolta de teatralidade mostrou toda a sua autoridade e competência em temas como   “Consensus”. “Metanoia” ou “Chimerical Hope”. Uma atuação irrepreensível!

 

 Feed The Rhino é mais uma banda que escolheu seguir o seu próprio caminho numa mistura de sonoridades que resulta. Uma amálgama de hardcore/rock/punk/metal servida em full power. Esta atuação foi marcada com Lee Tobin a descer para as grades e a puxar pelas hostes organizando inclusive uma wall of death. A banda inglesa mostrou uma grande energia e conquistou o público presente.

 

Chegou então a hora do lendário ex- guitarrista dos célebres Manowar, Ross The Boss nos honrar com a sua presença. E que bonita e fantástica receção teve por parte do público. Apesar da atuação ter sido vocacionada para trabalhos mais antigos ninguém se importou com isso. Temas como Blood Of The Kings” ou “Battle Hymns” foram junto com a simpatia e o carisma de Ross, catalisadores para a movimentação enorme de uma plateia visivelmente empolgada que terminou em êxtase com muito crowdsurf em  “Hail And Kill” e Marc Lopes junto ao público.

 

Integrity apesar de uma sonoridade distinta com o seu hardocore não veio de nenhuma forma abrandar esse movimento. A sua atuação foi pautada de mosh e crowdsurfing do princípio ao fim com uma técnica e performance de excelência. A banda apesar de andar a promover o seu último trabalho, “Howling, For the Nightmare Shall Consume” não deixou de tocar temas mais antigos fazendo uma pequena viagem aos álbuns anteriores. “Hybrid Moments” dos Misfits foi o tema selecionado para fechar este magnífico concerto.

 

Se já achávamos o público visivelmente participativo e satisfeito com as bandas anteriores, Municipal Waste iria levar-nos ao redline. Nem a chuva que insistiu em cair durante o primeiro tema “Grease Peace” afugentou a enorme multidão que se manteve irredutível. Um colossal moshpit junto com um crowdsurfing que se transformou em wave of death durante todo o concerto foi resposta à descarga de energia que vinha do palco com temas como “You’re Cut Off”, “Slime & Punishment” ,“The Art Of Partying” e “Born To Party”. Tony Foresta esteve bastante comunicativo e bem-disposto e a banda provou ter um elo inquebrável com o público. A sua qualidade assim o permite transformando esta atuação num momento histórico deste festival. Voltem sempre!

 

Ensiferum, a banda de melodic/folk metal não teve muita sorte na viagem para o nosso país onde chegou sem os seus instrumentos. Graças à Câmara Municipal de Vagos foram disponibilizados outros para que pudessem avançar em concerto acústico. A banda tinha passado por uma experiência semelhante sendo por isso o segundo da sua carreira tendo sido primeiro em França pelo mesmo motivo. Sami Hinkka, brincou com a situação referindo como sendo um dos hobbies da banda. Não podemos deixar de os  felicitar pelo seu profissionalismo, empenho e competência. O público abraçou a ideia e recebeu-a com entusiasmo criando o primeiro mosh acústico em Portugal.  Um concerto memorável e único. Que senhores!

 

Outros senhores se seguiam para mais um concerto memorável- Suicidal Tendencies e que bom que foi! Outro dos melhores desta edição. Esta é mais uma banda com a característica empática. Independentemente da sonoridade conseguem sempre criar um elo mágico com o público. Mais uma vez voltaríamos a ter o “doce caos” entre moshpit e crowdsurfing alimentados por temas como  “You Can’t Bring Me Down”, “Lost Again” e “War Inside My Head” que teve a participação de Tony Foresta de Municipal Waste. Mike Muir que teve acompanhamento vocal do público durante todo o concerto apela para a invasão de palco em “Pledge of  Allegiance” e não poderia ter terminado da melhor forma com dezenas de pessoas a tomar o mesmo de assalto. Foi sem dúvida um teste à sua resistência ultrapassado com sucesso!

 

Acalmando um pouco a população seguiu-se Memoriam que ao que tudo indica partilharam do mesmo problema de Ensiferum no extravio dos seus instrumentos em viagem optando por tocar com outros emprestados. Contudo a banda inglesa de death metal não deixou de demonstrar toda a sua qualidade. Karl Willets esteve sempre bem-humorado e animado afetando-nos a todos. Apesar da setlist se ter focado apenas em temas da banda é difícil não fazer a sua associação com Bolt Thrower.

 

E assim caminhamos para a última atuação desta edição cabendo aos Rasgo esta honra. Apesar de ser uma banda recente trata-se de um conjunto de músicos com grande experiência e contam já com um álbum lançado o ano passado,  “Ecos da Selva Urbana”. A sua sonoridade pode ser descrita como thrash metal / crossover e já contam com um número considerável de fãs. Mesmo estando a terminar o 4º dia ainda houve energia para acompanhar Paulo Gonçalves, que não permitiu que ninguém se rendesse, saltando para o circle pit e cantando entre mosh e crowdsurfing. E assim acabámos em excelente companhia e em ambiente de festa com temas como “Ergue a Foice ” e “Homem Ao Mar”. Curiosamente este evento viria a terminar com uma cover de Pantera, “Fucking Hostile”. Perfeito!

 

Para os mais perseverantes havia ainda after party com Distorsion Crew.

 

 

Este foi um ano de aprendizagem. O novo formato apesar de resultar trouxe novos desafios. Há que referir que não foi o melhor ano a nível de som, além dos percalços na distribuição de energia que afetaram alguns concertos.

Por outro também não podemos deixar de salientar a excelente equipa de segurança, principalmente junto ao palco que aguentou de forma estoica e bem-disposta a “tareia” destes 4 dias que foi monumental.

Também nós passamos por um momento de aprendizagem em que descobrimos a nossa resiliência. Como diz o velho ditado “quem corre por gosto não cansa” e a prova é que não só sobrevivemos como saímos de coração cheio e um infindável leque de memórias que nos dá vontade de voltar de imediato. Vagos Metal Fest não é apenas um festival de música é um encontro de pessoas que partilham a mesma paixão.

 

SOMOS TODOS VAGOS!!