Com Orphaned Land e Wolfbrigade já confirmados para a edição de 2017, juntamos agora Mão Morta, Urfaust, Malthusian, Clitgore e Tales for the Unspoken às contas. SMSF regressa de 8 a 10 de Junho de 2017.
Já com Orphaned Land, Wolfbrigade, Fuse, Hypothermia e Process of Guilt em cima da mesa, é com mais um role de confirmações que nos aproximamos de 2017, ano de regresso de mais um SMSF Beja. Sempre com o propósito de alargar o léxico das linguagens mais negras da expressão musical, acresce agora ao alinhamento já anunciado o nome mais essencial do rock mais pesado, denso e transformista da história da música nacional: não estão a perceber mal, que é de Mão Morta que falamos.
Ao incontornável colectivo de Braga acrescem, ainda, os holandeses Urfaust, que canalizam quantidades inebriantes de toxinas no seu ritual black metal, e os seus pares irlandeses Malthusian, que injectam doses extra de death nas intenções épicas do género. Por fim, os romenos Clitgore trazem um pouco de parvoíce pornogrind até Beja, enquanto que os conimbricenses Tales for the Unspoken vêm testar o impacto do seu groovemetal a Sul.
O SMSF Beja 2017 decorre no Parque de Merendas da cidade alentejana de 8 a 10 de Junho e a primeira remessa de bilhetes ao preço módico de 20€ já se encontra esgotada. Até dia 31 de Janeiro, os ingressos gerais custarão 30€, sendo que o pacote com bilhete geral, t-shirt, saco e copo se fixa nos 40€. Os bilhetes podem ser adquiridos no site http://www.smsf-portugal.net/
Mais informação:
Mão Morta
A maioria das questões de ranking em música são puramente subjectivas. No que toca a Portugal há no entanto uma questão que nos parece ter solução completamente objectiva: que os Mão Morta são a maior banda de rock da história do país. Da auto-titulada estreia cheia de no wave, passando por dias bem mais carregados de guitarra durante grandes discos como “O.D. Raínha Do Rock & Crawl” e “Mutantes S.21”, até ao significativo salto dado em arranjos e capacidade experimental exibidos em “Há Já Muito Tempo Que Nesta Latrina O Ar Se Tornou Irrespirável” e “Primavera De Destroços”, sempre tiveram aquela elusiva capacidade de se reinventarem sem perder qualquer tipo de relevância. Tal foi demonstrado recentemente com a sensibilidade pop de “Pesadelo Em Peluche” (um autêntico “como fazer” de pop-rock, boa sorte a encontrar um melhor exemplo do género em Português na última década) e a agressiva confrontação de “Pelo Meu Relógio São Horas De Matar” de 2014. É assim uma absoluta honra ter os Mão Morta a actuar na edição de 2017 do SMSF.
Urfaust
Quando os Urfaust tocaram pela primeira vez em Portugal em 2011, prometeram um ritual de necromancia, satanismo e intoxicação. O que poderia não passar de uma chamada vazia vindo de mãos menos capazes não mais era que um metafórico aviso do que aí vinha. Os concertos do duo são realmente do mais ritualista a que temos assistido e entram frequentemente numa registo de imprevisibilidade intoxicada, daquela que tende a tornar cada ocasião num evento único. A banda regressou recentemente às edições com o hipnotizante «Empty Space Meditation», onde condensam o melhor das explorações ambientais de «Apparitions» com a explosividade única que haviam atingido em 2010 com «Der Freiwillige Bettler». Pese a clara evolução constante da sonoridade, no fim do dia os Urfaust são black metal reduzido ao seu esqueleto, transformado numa questão minimalista e intoxicante, como estará seguramente em plena exibição quando os clochards se congregarem uma vez mais na edição 2017 do SMSF.
Malthusian
Com o aumento da disponibilidade de meios tecnológicos para produção musical veio uma tendência para gravações mais limpas, o que nem sempre funciona. Às vezes é mesmo preciso manter uma aura podre no ambiente geral, não obstante o quão profissional é a gravação. No que diz respeito ao death metal, mais concretamente às suas putrefactas variante blackened, algumas bandas hoje em dia parecem compreender isto de forma perfeita. Bandas como Portal, Grave Miasma e os Irlandeses Malthusian. Formados em 2012 por actuais e ex membros de Altar Of Plagues, Mourning Beloveth e Wreck Of The Hesperus, não demoraram muito a deixar intenções claras, com uma demo devastadora no ano seguinte e o EP “Below The Enginform” em 2015. No SMSF 2017, esperamos uns Malthusian fieis ao tema que lhes dá nome, arautos do que espera o planeta em consequência da sobrepopulação. Não vai ser bonito, não, mas há coisas que só fazem sentido assim.
Clitgore
Não há festa que se compare a uma festa grindcore, certo? Não o grind sério, nada de coisas como Napalm Death ou Brutal Truth, não, estamos a falar do tipo de concerto descrito de forma clássica como “vamos desligar o cérebro e arruinar-nos”. Esse grindcore, o mesmo que já disparou festividades para patamares mais elevados em muitos fins de noite em festivais de música extrema espalhados pelo mundo (ou todos os dias a toda a hora se estiveres a pensar no Obscene Extreme). Para cumprir esse propósito no SMSF 2017 vêm os Clitgore, trio Romeno obcecado por pornografia.
Tales for the Unspoken
Para muitos géneros estarem onde estão hoje, foi preciso puxar as coisas até ao limite antes. Exemplo disso, os Tales For The Unspoken, não obstante soarem bastante diferente de bandas old school death metal, não teriam o som que têm sem ele, já que seguem as mesmas pegadas que muitas bandas de metalcore trilharam antes. É um caminho que se começa a delinear a partir da cena de death melódico, leva uns perfumes de outras variantes de old school e converge numa arena cheia de groove onde a modernidade é elemento chave. Assim fica a nossa melhor tentativa de prever o que o multi nacional quarteto baseado em Coimbra trará ao SMSF 2017, uma abordagem despudoradamente moderna ao metal.